É evidente que o termo "biologia" não havia sido cunhado na época de Aristóteles. Isso se deve ao fato de que, para o Filósofo, esta ciência fazia parte do estudo mais amplo da physis (natureza). Portanto, em virtude desta amplitude, cabe à Filosofia da Natureza ou à Física considerar, como objeto de estudo, o ente móvel, ou seja, o ente enquanto composto de matéria e forma. Desse modo, aqueles que se dedicavam à investigação dos fenômenos biológicos eram conhecidos como filósofos naturais, ou simplesmente “físicos”. O Filósofo, assim, concebia a “biologia” como uma ciência descritiva e analítica, dedicada a entender os seres vivos, em suas partes, funções e finalidades; sobretudo a partir da relação entre corpo e alma. Nesta obra, Santo Tomás de Aquino, o Doctor Communis, comenta e esclarece, ao lado do Filósofo de Estagira, as dificuldades acerca do estudo da natureza e das causas do sono e da vigília; investigando, portanto, “se estes dois estados são particulares do corpo ou da alma, ou se são comuns a ambos; no caso de serem comuns, a que parte da alma ou do corpo pertencem; qual a causa de serem característicos dos animais e se todos os animais participam de ambos ou se alguns participam apenas de um, enquanto outros animais apenas do outro, ou se alguns não participam nem de um nem de outro, enquanto alguns animais participam de ambos. Além disso, o que é o sonho e a razão daqueles que dormem às vezes sonharem e às vezes não; ou se aqueles que dormem sempre sonham, mas por vezes não conseguem lembrar-se de seus sonhos? E se isso ocorre, qual a razão de ocorrer…”. Investiga-se, ainda, qual a relação entre o cérebro, o coração, os alimentos ingeridos e a digestão; a constrição das veias e o calor natural; e a separação do sangue puro do impuro. A obra oferece, portanto, uma análise detalhada e sistemática desses fenômenos, que são essenciais para a manutenção da saúde e do equilíbrio físico e mental dos seres vivos.